domingo, 1 de março de 2009

Sal, Pimenta e Mel

Não sabendo usar bons versos para poder começar, começo falando de um não-saber. Eh! Um não-saber sobre o amor, mesmo por que o amor é sempre mal sabido, não se deixa saber, é apenas para sentir...
Contemplo teu modo de ser, teu modo de se apresentar aos meus olhos que desejam ver tudo, que desejam ver até o não-poder ver e saber.
Apenas pelo ter sentido, ponho-me a pensar, a falar, a degustar a imagem da tua presença; sentir a negritude de teu cabelo quase ondulado, estando sempre velado pelo artifício da sedução, lembrando-me as ondas naufragantes de muitos sonhos... Sentir teus olhos procurando repouso entre meu corpo desprovido do leito por ti desejado.
Tua boca! Não há palavras para falar de tua boca, fonte das palavras livres e seguras, objeto de todo o meu desejo, da saciedade, do encanto e da força; teu beijo, único e grande, tão grande que se transborda em minha memória que sempre busca insanas formas... Prefiro esquecer teu beijo a condenar-me à loucura das enganadoras formas! Teus dentes informando tua boca num movimento convidativo a todo desejo...

Teu corpo inteiro é grito na boca de meu desejo; meu desejo morto em esperanças; meu desejo que, pela tua decisão livre, está condenado a ser saciado pela falta, pela ausência tua, pelo eterno não-saber do gosto do sal com pimenta e mel; o gosto de um instante eterno do presente, de um presente que lembra tudo de você...
Você: tem o gosto do nunca provado; imagem de um futuro que, por tua imperativa liberdade de ser, já é passado; um passado sem cor, sem forma, sem sentido, sem você inteiro; um passado que só é desejo ressequido e ferido pelo amado livre... Amado, que por ser amado, torna-se livre pelo amor que lhe transpassa sem dor ou alegria, ferindo-se na tua liberdade...
Meu amor e tua liberdade sufocaram a virilidade de meu desejo, afirmando a dolorosa e real distância... Uma distância que me plantou num lugar qualquer, onde tua liberdade e meu desejo se desencontraram... Assim como se desencontraram a luz e a sombra, que não sendo opostas, buscam-se como que misturadas pelo caminho, onde a penumbra ofusca tudo e não mais sabemos sobre luz ou sombra.
Você, meu Bem, nasceu apenas para duas possibilidades: não ser conhecido ou ser amado! Eu, não podendo te amar com viril desejo, preferiria não te conhecer; mas se ti conheço, ama-lo-ei por quanto o amor em mim houver!
19 de setembro de 2006,
Josemar, quem ama não esquece!

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